Soneto de Strellar

Surgiste assim na hora mais incerta
quando minh’alma da busca já cansava,
trouxeste o lagar em seara tão deserta
pois que, vencido, mais nada procurava.

Como se fora brisa a proteger a vinha
teus olhos, a luz que precisava,
hoje não és somente a esperança minha
tu és certeza ... calor que me faltava.

Tão desiguais, em dor tão parecida
que não se sabe dizer quem mais perdeu,
somos iguais correndo atrás da vida.

Creia, portanto, que nada importa agora
há tanto amor a dar um pelo outro,
tanta alegria ... que a dor quer ir embora.

Eduardo de Alencar
(Florianópolis – outubro de 2001)