Os bordados, as rendas, o ponto russo tinham, para a menina, uma secreta magia. Podiam repetir-se interminavelmente, figura sobre figura. Não acabavam nunca. Sempre, depois de uma flor, podia vir outra flor. Sempre, depois de um elefante, outro elefante... E ela pensava no número com uma intraduzível esperança . Há coisas, então, que não acabam? Há coisas que não morrem ... Pode ser? É o número que mata a morte. Sempre que se acrescenta mais um, o que não tinha parado continua. Na verdade, assim não há fim.

Cecília Meireles