céu de mil e uma noites

...................................Se eu não fosse poeta ...................................seria astrônomo por certo. ...............................................Maiakóvski (trad. Augusto de Campos)

olho o céu e vejo um céu antigo
como aquele que eu tenho comigo
desde que o mundo era o meu umbigo

um céu de tecido azul escuro
com os pontos de luz em furo e uma
meia meia lua de futuro

nesga, um rasgo fino reluzente
numa renda quase transparente
com o vulto do clarão ausente

crescente sobre o pano profundo
que conquista um negrume de fundo
quanto mais e mais cai com o mundo

e se consome o vermelho púrpura
(desvanece a cor à ausência pura)
quanto mais e mais o brilho fura

Marcelo Tápia